Evolução humana e desenvolvimento do cérebro

15-03-2011 11:32

O desejo incontrolável de um hambúrguer tem origem no crescimento do cérebro simultaneamente na evolução do corpo humano. Tais alterações devem-se a motivos ambientais que ocorreram à 2 milhões de anos atrás.

Uma alimentação rica, variada e nutricionalmente saudável, tornou-se fundamental para satisfazer as necessidades energéticas do cérebro humano, desenvolvidos para a manutenção dos diversos estilos de vida.

No entanto, a transição de um estilo de vida saudável estável para o estilo de vida moderno, apelidado de sedentário, criou desequilíbrios energéticos cujo crescimento sofreu um aumento rápido e eficaz, evolutivamente, trazendo consequentemente graves problemas como por exemplo a obesidade e as carências ligadas à nutrição humana.

A actividade física deve ser igualmente relevante como os hábitos de alimentação saudável, revertendo as tendências evolutivas da obesidade mundial.

Há dois milhões de anos atrás, alterações no comportamento e qualidade alimentar ajudou a fornecer a energia e nutrição para apoiar o rápido desenvolvimento do corpo e tamanho do cérebro dos nossos antepassados.

Hoje, os humanos modernos utilizam quase um quarto das suas necessidades energéticas a alimentar os cérebros, consideravelmente mais que qualquer outro primata ou de outros mamíferos. De forma a apoiar o alto custo energético dos cérebros, os seres humanos consomem dietas muito mais ricas em calorias e nutrientes do que a dos outros primatas.

“Enquanto que os primatas de grande porte – chimpanzés, gorilas e orangotangos – possam subsistir com folhas e frutos, nós humanos precisamos de consumir carne e outros alimentos altamente energéticos de forma a conseguirmos suportar as necessidades metabólicas,” diz Leonard.

Os alimentos de todas as sociedades humanas são muito mais densos nutricionalmente dos alimentos dos primatas de grande porte. “Para obter estas dietas de elevada qualidade, os nossos antepassados teriam de se ter deslocado ao longo de grandes áreas de terreno, o que exigiu grande esforço energético”, afirma também Leonard. “Se pensarmos bem, é algo verdadeiramente extraordinário. Isto porque foi o desenvolvimento do cérebro que nos deu vantagem competitiva sobre outras espécies, contudo, também parece nos ter tornado, algures na história, verdadeiramente frágeis, devido às exigências de nutrientes e alimentos necessários para manter a nossa “arma especial”, ou seja o cérebro.”

Contudo, reduções substanciais de actividade física em adultos nos tempos modernos, reduziu drasticamente os custos metabólicos de sobrevivência. O diferencial entre a energia consumida e a energia dispendida desequilibrou-se gravemente, à medida que a densidade nutricional da nossa alimentação aumentou em simultâneo o tempo e energia necessários à obtenção de alimentos. “Pense nos nossos antepassados”, desafia Leonard. “Os humanos caçadores-colectores  precisavam de andar kilómetros por dia em busca de alimentos. Hoje, contudo, basta pegar no telefone e mandar entregar uma pizza à nossa porta enquanto esperamos no sofá.” Esse declínio no gasto energético diário contribui não apenas para a obesidade, como também para outras doenças crónicas do mundo moderno, como diabetes e doenças cardiovasculares. “Num certo sentido, essas doenças marcaram o inicio da História Evolutiva Humana, “ caracteriza Leonard.

Os dados sugerem claramente que e epidemia da obesidade não pode ser encarada olhando apenas para os maus hábitos da alimentação. “Ao longo de toda a nossa história evolutiva, a obtenção de dietas e alimentos densos e ricos esteve sempre associada a uma substancial despesa energética e de exercício através da circulação em grandes áreas de terreno. Hoje, este desequilíbrio é a principal causa de obesidade no mundo industrializado, daí a extrema importância da prática de exercício físico complementar a uma dieta estável.

 

 

Fonte: Medical News Today.

Inês Gaspar